Serra de Aire :: Agosto de 2020

O país tinha vivido à pouco tempo a imposição do isolamento obrigatório devido à Covid19. Foram meses díficeis de poucas ou nenhumas saídas. Por isso este passeio foi bastante especial, porque para além de saber a liberdade, foi o primeiro em que a J. participou com a sua bicicleta e a S. no atrelado. Como todos os passeios este trouxe outras peripécias.

Decidimos passar o fim de semana na Serra de Aires, principalmente pela proximidade a Lisboa (já que o tempo seria curto) e pela oferta que esta zona dispõe relativamente a actividades na natureza. Uma delas é precisamente a Ecopista de Porto de Mós. Esta Ecopista oferece um percurso circular, num total de 12km aproximadamente.

Estávamos bastante motivados para iniciar o passeio. O tempo estava perfeito, com um sol radiante. Iniciámos o percurso no campo de futebol da Bezerra. Aqui o percurso começa numa estrada de alcatrão mas um pouco mais à frente passa a terra batida.

Parte do percurso da Ecovia faz parte de um antigo caminho de ferro, usado para o transporte do carvão das minas da Bezerra para a Central Termoeléctrica em Porto de Mós. Este percurso está bastante bem arranjado, em terra batida, e tem diversos equipamentos ao longo do caminho, como por exemplo, mesas de piquenique. Todo o percurso deste antigo caminho de ferro situa-se numa zona alta pelo que ao longo deste é possível admirar as magníficas vistas nos vários miradouros existentes.

Ecopista
Ecopista

Já próximo do fim deste antigo caminho de ferro passamos por diversos túneis, impressionantes à sua passagem e que faziam as delícias das crianças.

Túneis

Chegados ao fim deste percurso do antigo caminho de ferro é possivel admirar Porto de Mós ao longe, com o seu belíssimo castelo medieval.

De seguida seguimos as placas com a indicação do caminho de volta, a fim de fazer o caminho circular. O percurso adivinhava-se difícil, já não apresentava um piso regular e largo, mas antes pelo contrário, bastante acidentado e estreito. A J. teve receio de continuar nestas condições. Continuámos então, com a J. e a S. no atrelado e a bicicleta da J. a ser rebocada pelo atrelado, seguindo as indicações das placas que íamos encontrando até ao ponto em que deixámos de conseguir seguir montados nas bicicletas.

Apercebermo-nos que a sinalética estava em manutenção. Muito provavelmente a obra não estava concluida, pensámos. Este percurso ao contrário do primeiro é feito num vale, estávamos literalmente entalados entre duas grandes falésias, a rede de telemóvel era pouca por isso dificultava no uso do GPS, e sendo um vale “fechado” tinha pouca luminosidade. Ponderar voltar para trás pelo caminho já percorrido seria de evitar, porque estariamos a regressar pela noite. Já exaustos, de levar as bicicletas pela mão, mais o atrelado e as bicicleta de criança a reboque não tivemos outra opção senão dizer à J. e à S. para também virem a pé.

Foi naquele momento de pausa que nos apercebemos que por cima da falésia passava uma estrada. Só precisávamos de encontrar um trilho que nos levasse lá a cima. E encontrámos. Foi dificil subir por ele, mas um alívio por o ter encontrado e conseguir subir com a carga. Sentámo-nos os quatro junto a uma casa que ali estava à beira da tal estrada, exaustos, quando naquele momento chega a senhora da casa, numa carrinha. Pedimos desculpa por estarmos ali no caminho, e se não a incomodávamos, ao que responde com muita simpatia que não e até nos ofereceu pêras que tinha acabado de colher do seu terreno. Foi um gesto tão amável. Ali, já no alto, o escuro do vale desvaneceu-se, tinhamos o sol radioso de volta. Iniciámos então o caminho de volta, pela estrada.

Estrada N362
Estrada N362

Até que eis que chegámos finalmente ao estacionamento.

Estacionamento

Apesar de atribulado, o passeio não deixou de surpreender, pela riqueza do sítio e pela beleza paisagística.

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